segunda-feira, 12 de outubro de 2015

São Serafim de Montegranaro - Santo do dia 12 de Outubro

São Serafim de Montegranaro
Irmão leigo capuchinho (1540-1604)


       Nascido em Montegranaro di Ascoli Piceno em 1540, no seio de uma família humildes, não pôde frequentar a escola porque devia ganhar o pão cuidando de um rebanho que não era seu. Morto o pai, trabalhou como servente de pedreiro às ordens de um certo Manucci, cuja filha, para civilizá-lo um pouco, lia-lhe algum bom livro; depois ela o encaminhou ao convento dos capuchinhos, onde foi acolhido com uma certa dificuldade.
      Na profissão religiosa, mudou o nome de Félix para o de Serafim e fez seu o lema de frei Egídio: “O caminho para subir ao céu é rebaixar-se aqui na terra”. Exerceu os trabalhos mais humildes no convento de Ascoli Piceno, mas, dotado do dom da sabedoria infusa, tornou-se conselheiro e diretor espiritual de cada vez mais numerosos discípulos. Falecido no ano de 1604, está sepultado na igreja dos capuchinhos de Santa Maria, em Solestà di Ascoli.



São Serafim de Montegranaro, rogai por nós.



*Retirado do livro "Os Santos e os Beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente", Paulinas Editora.

Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida (Padroeira do Brasil)


Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida

     A história de Nossa Senhora da Conceição Aparecida tem seu início pelos meados de 1717, quando chegou a notícia de que o Conde de Assumar, D.Pedro de Almeida e Portugal, Governador da Província de São Paulo e Minas Gerais, iria passar pela Vila de Guaratinguetá, a caminho de Vila Rica, hoje cidade de Ouro Preto(MG).
    Convocado pela Câmara de Guaratinguetá, os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves saíram à procura de peixes no Rio Paraíba. Desceram o rio e nada conseguiram. Depois de muitas tentativas sem sucesso, chegaram ao Porto Itaguaçu.
    João Alves lançou a rede nas águas e apanhou o corpo de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição sem a cabeça. Lançou novamente a rede e apanhou a cabeça da mesma imagem. Daí em diante os peixes chegaram em abundância para os três humildes pescadores.
     Durante 15 anos seguidos, a imagem ficou com a família de Felipe Pedroso, que a levou para casa, onde as pessoas da vizinhança se reuniam para rezar. A devoção foi crescendo no meio do povo e muitas graças foram alcançadas por aqueles que rezavam diante da imagem.
     A fama dos poderes extraordinários de Nossa Senhora foi se espalhando pelas regiões do Brasil. A família construiu um oratório, que logo tornou-se pequeno. Por volta de 1734, o Vigário de Guaratinguetá construiu uma Capela no alto do Morro dos Coqueiros, aberta à visitação pública em 26 de julho de 1745. Mas o número de fiéis aumentava, e, em 1834 foi iniciada a construção de uma igreja maior (atual Basílica Velha).
    No ano de 1894, chegou a Aparecida um grupo de padres e irmãos da Congregação dos Missionários Redentoristas, para trabalhar no atendimento aos romeiros que acorriam aos pés da Virgem Maria para rezar com a Senhora "Aparecida" das águas.
     Em 8 de setembro de 1904, a Imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi coroada, solenemente, por D. José Camargo Barros. No dia 29 de Abril de 1908, a igreja recebeu o título de Basílica Menor. Vinte anos depois, em 17 de dezembro de 1928, a vila que se formara ao redor da igreja no alto do Morro dos Coqueiros tornou-se Município. Em 1929, Nossa Senhora foi proclamada “Rainha do Brasil” e sua padroeira oficial, por determinação do Papa Pio XI.
     Com o passar do tempo, a devoção a Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi crescendo, e o número de romeiros foi aumentando cada vez mais. A primeira Basílica tornou-se pequena. Tornou-se necessária a construção de outro templo, bem maior, que pudesse acomodar tantos romeiros. Por iniciativa dos missionários Redentoristas e dos Senhores Bispos, teve início, em 11 de novembro de 1955, a construção de uma outra igreja, atual Basílica Nova.
     Em 1980, ainda em construção, foi consagrada pelo Papa João Paulo II, recebendo o título de Basílica Menor. Em 1984, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) declarou oficialmente a Basílica de Aparecida Santuário Nacional, o "maior Santuário Mariano do mundo".
     O padre Francisco da Silveira, que escreveu a crônica de uma missão realizada em Aparecida em 1748, qualificou a imagem da Virgem Aparecida como “famosa pelos muitos milagres realizados”. E acrescentava que numerosos eram os peregrinos que vinham de longas distâncias para agradecer os favores recebidos.
     Mencionamos aqui três grandes prodígios ocorridos por intercessão de Nossa Senhora Aparecida.
O primeiro prodígio, sem dúvida alguma, foi a pesca abundante que se seguiu ao encontro da imagem. Não há outras referências sobre o fato a não ser aquela da narrativa do achado da imagem: “E, continuando a pescaria, não tendo até então pego peixe algum, dali por diante foi tão abundante a pesca que, receosos de naufragarem pelos muitos peixes que tinham nas canoas, os pescadores se retiraram às suas casas, admirados com o que ocorrera.”
      Entretanto, o mais simbólico e rico de significado, sem dúvida, foi o milagre das velas pela sua íntima relação com a fé. Aconteceu no primitivo oratório do Itaguaçu, quando o povo se encontrava em oração diante da imagem. Numa noite, durante a reza do terço, as velas apagaram-se repentinamente e sem motivo, pois não ventava na ocasião. Houve espanto entre os devotos e, quando Silvana da Rocha procurou acendê-las novamente, elas se acenderam por si, prodigiosamente.
      Significativo também é o prodígio das correntes que se soltaram das mãos de um escravo, quando este implorava a proteção da Senhora Aparecida. Existem muitas versões orais sobre o fato. Algumas são ricas em pormenores. O primeiro a mencioná-lo por escrito foi o padre Claro Francisco de Vasconcelos, em 1828.


Uma rosa de ouro para a Virgem

      Em 1967, ano da comemoração do jubileu dos 250 anos do aparecimento da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, o papa Paulo VI ofertou ao Santuário Nacional da Padroeira do Brasil uma Rosa de Ouro. A entrega desta importante honraria aconteceu na manhã do dia 15 de agosto daquele mesmo ano, com a presença de diversas autoridades civis e religiosas, entre elas, o presidente Artur da Costa e Silva. Atualmente, a Rosa de Ouro encontra-se na exposição “Rainha do Céu, Mãe dos Homens: Aparecida do Brasil”, no Museu Nossa Senhora Aparecida, no primeiro andar da Torre Brasília.


O que é uma Rosa de Ouro?

     Os sumos pontífices costumavam oferecer como presente uma Rosa de Ouro, em sinal de particular estima e para distinguir eminentes personalidades que prestavam relevantes serviços à Igreja, ou para honrar cidades, ou ainda para realçar Santuários insignes, como centro de grande devoção. Essa Rosa era artisticamente elaborada segundo o estilo da época.


Romeiros de Nossa Senhora Aparecida

   Dos milhões de romeiros que visitam o Santuário Nacional de Aparecida, muitos são portadores de angústia, outros tantos, da esperança. Esperança de cura, de emprego, de melhores dias, de paz.
Eles chegam de ônibus, de carro, de moto, de bicicleta, a cavalo e a pé. São pobres e ricos; são cultos e ignorantes; são homens públicos e cidadãos comuns. Aqui estiveram Papas, príncipes, princesas, presidentes, poetas, padres, bispos, prioras, patrões e empregados. Vieram os pescadores.
    Muitos cumprem um ritual que começou com seus avós e persiste até hoje. Outros vêm pela primeira vez e ficam perplexos diante do tamanho do Santuário e de sua beleza. A Imagem os extasia. Olhos que buscam, vasculham ou se fecham para ler as mensagens secretas que trazem na alma. Lábios que balbuciam ave-marias, atropeladas pela pressa das muitas intenções.
    Mãos que seguram as contas do rosário, a vela, o retrato, as flores, o chapéu. Joelhos que se dobram e se arrastam, em atitude de total despojamento. Pés cansados pela procura de suas certezas. Coração nas mãos em forma de oferenda. Na alma, profundo senso do sagrado. O chão que pisam, a porta que transpõem, as pessoas que aqui residem, tudo tem para eles significado transcendente. Este é o romeiro de Nossa Senhora Aparecida. Alma pura, simples, do devoto que acredita, que se entrega à proteção dos céus, sem dúvidas ou restrições.




Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida, rogai por nós.



domingo, 11 de outubro de 2015

Santo Alexandre Sauli - Santo do dia 11 de Outubro

Santo Alexandre Sauli
Bispo (1534-1593)


     Para dar prova da própria vocação religiosa, aos 17 anos, Alexandre, nascido em Milão, de nobre família genovesa, improvisou-se em pregador, subindo a um palanque de caixas de hortaliças na praça pública do mercado milanês. E, diante de um público atônito e curioso, falou de Deus e da fugacidade existente neste mundo.
     Mal deixara para trás uma brilhante carreira no séquito do imperador Carlos V, juntou-se aos clérigos regulares de São Paulo, conhecidos com o nome de barnabitas.
     Entre outros dotes, possuía uma memória formidável. Memorizava tratados inteiros da Suma Teológica de são Tomás e as obras dos padres da Igreja. Tinha sobretudo uma grande devoção à Virgem, à qual se havia consagrado ainda jovem com um voto particular de castidade.
    Ordenado sacerdote em 1556, durante a celebração da missa foi assistido por um confrade que tinha o encargo de recordar-lhe em que ponto estava da celebração da Eucaristia — não porque tivesse facilidade de se distrair, mas, sim, para trazê-lo de volta à terra, depois de frequentes arroubos e êxtases. Com apenas 33 anos foi eleito superior geral da ordem. Depois, o papa são Pio V o nomeou bispo e foi consagrado por um outro santo, são Carlos Borromeu, bispo de Milão, seu discípulo e amigo, e destinado à diocese de Aleria, na Córsega.
    A pobreza do lugar e a total desorganização da igreja local não o espantaram. “Aqui, ao menos Deus não nos faltará”, foi seu comentário. Por 20 anos, trabalhou sem poupar esforços, reformando, corrigindo, socorrendo. Muitas vezes se interpôs como pacificador nas frequentes vinganças entre famílias e entre regiões. Foi um pai solícito pelo bem material e espiritual e autêntico mestre da vida cristã.
     Por sua heroica dedicação, mereceu o título de “anjo tutelar, pai dos pobres, apóstolo da Córsega”. Depois, foi destinado à sede de Pávia pelo papa Gregório XIV. Morreu pouco depois em Caloso d’Asti. Foi canonizado em 1904.



Santo Alexandre Sauli, rogai por nós.



*Retirado do livro "Os Santos e os Beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente", Paulinas Editora.

sábado, 10 de outubro de 2015

Igreja reconhece aparições de Nossa Senhora Medianeira nas Filipinas

    Bispo de Lipa assina decreto reconhecendo o “caráter sobrenatural” das aparições da Virgem Maria à Irmã Teresita Castillo, em 1948, sob o título surpreendente de “Medianeira de Todas as Graças”.
     Fiéis, do lado de fora do Carmelo de Lipa, presenciam o milagre da chuva de pétalas.
      A Virgem Maria, sob o título de Medianeira de Todas as Graças, apareceu, em 1948, nas Filipinas. Foi o que reconheceu o arcebispo da cidade de Lipa, Ramon Cabrera Arguelles, em um decreto assinado no último dia 12 de setembro, e que ganhou ampla divulgação no mundo inteiro. No documento, o bispo declara – "com certeza moral" – que as aparições de Nossa Senhora à Ir. Teresita Castillo "são de caráter sobrenatural e dignas de fé".
      A aprovação do Ordinário de Lipa foi acolhida com grande alegria por todo o povo filipino, cuja fé na aparição de Maria Santíssima nunca parou de crescer – mesmo quando, em 1951, a diocese local emitiu um documento "declarando que não havia nada de sobrenatural nas supostas aparições e milagres de Lipa".
      No novo decreto, o bispo Arguelles relata o tortuoso caminho que antecedeu a aprovação e invoca a Mãe de Deus para "levar os católicos e marianos das Filipinas à difícil luta pela defesa da vida, pela sacralidade da instituição do matrimônio, pela integridade da família e pela importância da união natural e sobrenatural entre homem e mulher".

A Senhora que vem do Céu

      Toda essa história começa no Carmelo de Lipa, aonde, no dia 4 de julho de 1948, chegara uma jovem de 21 anos, chamada Teresita Castillo. Nem a objeção de sua família – que tentou a todo custo trazê-la de volta para casa –, nem as tentações do demônio – que, já nos primeiros dias de seu noviciado, a incitaram a abandonar a vocação –, fizeram-na desistir de seu desejo de consagrar-se totalmente a Deus.
     No dia 18 de agosto de 1948, a sua cela é misteriosamente visitada por uma bela Senhora de branco e de odor celestial: "Não tenhas medo – ela diz –, meu Filho enviou-me para trazer-te uma mensagem". Do Céu, aquela Senhora vem pedir a Teresita oração e penitências pela humanidade, especialmente pelas almas consagradas a Deus.
      Para confirmar a origem celestial da aparição, são realizados dois sinais. Um primeiro, à Madre Priora: depois de lavar os seus pés e beber a água com que os lavou, Teresita aparece com os olhos lacrimantes de sangue, fenômeno que faz a sua superior dar crédito à aparição. O segundo, que se repetiu inúmeras vezes ao longo de todo aquele ano, foram inexplicáveis chuvas de pétalas de rosas, de uma variedade impressionante: uma delas convenceu o bispo Alfredo Verzosa da autenticidade do evento, e outras tantas, acontecidas fora do mosteiro, deram aos fiéis da região a certeza de que Nossa Senhora tinha realmente visitado as Filipinas.

Quinze dias de aparições
    
       Na tarde do dia 12 de setembro, festa do Santíssimo Nome de Maria, enquanto caminhava no jardim da clausura, Teresita é surpreendida por uma videira que se move violentamente, mesmo sem a presença do vento. Ela se aproxima da parreira e ouve a voz da Senhora que lhe diz: "Não tenhas medo, minha filha. Beija o chão e faz tudo o que eu te disser para fazer." Em seguida, repetindo o que havia mandado a Santa Bernadette Soubirous, em Lourdes, a Virgem ordena-lhe que se abaixe e coma da grama plantada no chão. "Quero que venhas visitar-me aqui, neste lugar, por 15 dias seguidos."
       No outro dia, às 5h da tarde, lá está Teresita, ajoelhada perto da videira e rezando a oração da Ave Maria. Às palavras "cheia de graça", ela avista a mais bela Senhora, em atitude de oração e com um Rosário em sua mão direita. A Virgem usa um vestido candidamente branco e uma fita apertada em sua cintura. Tem os pés descalços e apoia-se sobre uma nuvem que flutua cerca de dois ou trés pés acima do chão. "Reza, por favor, pelos padres e religiosas, e ajuda-me a fazer penitência por eles. Reza por eles como nunca antes rezaste. O Sagrado Coração do Meu Filho sangra de novo por cada padre e religiosa que se perde. O orgulho os afastou do verdadeiro aprisco e a vergonha endureceu os seus corações."
      Antes de desaparecer, Teresita pergunta à mulher: "Bela Senhora, quem sois vós?", ao que ela responde: "Sou tua mãe".
       No dia seguinte, 14, Teresita encontra Nossa Senhora que a espera, com os braços abertos, como se quisesse abraçá-la. A Virgem expressa o desejo de ter aquele lugar abençoado, para lembrar a sua aparição.
        No dia 15, o capelão do Carmelo, o bispo Alfredo Maria Obviar, abençoa o local dos encontros de Teresita com a Virgem. Depois, as religiosas experimentam uma chuva especial de pétalas de rosas, enviada para confirmar a autenticidade das visões. No mesmo dia, a Senhora pede uma imagem consagrada para seu o culto naquele convento, o qual ela quer que se chame de "Carmelo de Nossa Senhora".
       No dia 18, a Virgem Santíssima não aparece, fazendo apenas ressoar a sua voz triste. "Como posso consolar-vos, querida Mamãe Maria?", pergunta Teresita. "Continua rezando e oferece sacrifícios por aqueles que não crêem", responde Nossa Senhora:

"Confiai em mim. Amai-me. Acreditai em que tudo o que digo, porque sou vossa Mãe, uma Mãe amorosa que cuida de todas vós. Meu Filho sofreu por cada uma de vós. Aqueles que duvidam do Seu amor por cada alma do mundo fá-Lo sofrer de novo toda a dor do Calvário – tudo porque Ele muito ama os homens. Quando o Seu Coração sangra, o meu também sangra. Grande foi o meu sofrimento quando nossos olhos se encontraram no Seu caminho para o Calvário. Nossas mãos ficaram separadas por poucos centímetros. Eu quis tocá-Lo, para fazê-Lo sentir que eu estava lá por Ele até Seu último suspiro. Mas Deus não quis assim. Seus braços estavam muito fracos para mover mais um centímetro e tocar os meus. Meditai nisso, e vede o quanto Mãe e Filho trabalharam e sofreram juntos para salvar o mundo. Virá o tempo em que podereis revelar tudo."

      No dia 19, a Mãe de Deus porta duas mensagens importantes. Aos que não crêem, ela diz: "Amo-vos todos e vossa salvação significa muito para mim e meu Filho. Rezai pela graça que precisais para alcançar o Céu". Aos que crêem, ela alerta para a vinda das perseguições: "A tentação vos aborrecerá. Tende coragem para lutar contra o inimigo. Vós sofrereis e sereis ridicularizados. Não temais, porém, porque vossa fé vos levará ao Céu. Lembrai-vos que foi o amor que deu a Jesus a força até a Sua morte no Calvário."
     No dia 20, palavras especiais são dirigidas à Irmã Teresita:

"Minha pequena, a palavra Fiat significa um sacrifício doloroso. Também significa desapego do que gostamos e de tudo o que é necessário. Isso é dedicação de uma vida inteira; significa uma participação amorosa e solícita no que o meu Filho quer fazer, isto é, a Redenção dos homens. Minha resposta ao anjo é de grande valor espiritual para a humanidade. 'Faça-se em mim' é uma completa entrega de mim mesma ao que Deus quis. É um compromisso a salvar e abraçar amorosamente o mundo. Minhas filhas no Carmelo de Lipa são chamadas a se unirem a esse compromisso por meio da penitência e do sacrifício para a salvação do mundo. Os pequeninos só podem oferecer o que têm. Ainda que pequenas, essas coisas, quando feitas com amor, são muito agradáveis ao meu Filho."

     O pedido formal de entrega das carmelitas é feito no dia 24, quando Nossa Senhora manifesta às suas filhas o desejo de que se consagrem totalmente a ela, pelo método espiritual de São Luís Maria Grignion de Montfort. "Quero que vos consagreis a mim no dia 7 de outubro e que vos torneis minhas amadas escravas", ela diz.
      Por fim, no dia 26, em sua última visita, Maria Santíssima faz um precioso convite ao amor:

"Minha pequena, diz às tuas irmãs para se amarem umas às outras. Consola-me ver todas vós em uma família – a família de Meu Filho. (...) Sede boas, simples, humildes e obedientes. Mas, lembrai-vos que o amor está acima de todas essas virtudes que mencionei. (...) Amai muito e generosamente, mas sem pensar no custo. (...) O mais precioso dom a oferecer é o dom de si mesmo – o vosso tudo, sem reservas."

     Antes de partir ao Céu, ela diz: "Sede muito boas, minhas filhas. Eu sou Maria, Medianeira de Todas as Graças". E desaparece.

"Peço aqui o mesmo que pedi em Fátima"

      No dia 7 de outubro, todas as irmãs efetivamente se consagraram à Virgem Santíssima.
      Um mês depois, no dia 5 de novembro, elas testemunharam Teresita sofrendo a paixão de Nosso Senhor. Ao meio-dia, ela perdeu a consciência e teve os braços esticados, como se fosse crucificada, e seus pés assumiram a mesma posição de Cristo na cruz. Ao fim de três horas de agonia, ela abaixou a cabeça e sua associação ao sofrimento de Jesus foi consumada – embora as irmãs achassem que Teresita tivesse realmente morrido.
       Conta-se que Teresita teve outras experiências místicas, como receber a Sagrada Comunhão de um anjo, em ocasiões em que ela, estando doente, não podia participar da Santa Missa, além de ter visões do Sagrado Coração e de muitos anjos e santos, incluindo Santa Cecília e Santa Teresinha do Menino Jesus.
      Maria Santíssima ainda apareceu algumas últimas vezes nas Filipinas, no mesmo ano de 1948. Em sua despedida, no Carmelo de Lipa, ela pediu ardentemente:

"Reza, minha filha. As pessoas não ouvem as minhas palavras. Diz às minhas filhas que haverá perseguições, desordem e derramamento de sangue em vosso país. O inimigo da Igreja tentará destruir a Fé que Jesus estabeleceu e pela qual Ele morreu. A Igreja sofrerá muito. Rezai pela conversão dos pecadores ao redor do mundo. Rezai por aqueles que rejeitam a mim e por aqueles que não crêem em minhas mensagens em diferentes partes do mundo. Estou realmente triste, mas consolada por aqueles que crêem e confiam em mim. Espalhai o sentido do Rosário porque esse será o instrumento para a paz em todo o mundo. Dizei ao meu povo que o Rosário deve ser rezado com devoção. Espalhai a devoção ao Meu Imaculado Coração. Fazei penitência pelos sacerdotes e religiosas. Mas não tenhais medo, porque o amor de Meu Filho amolecerá o mais duro dos corações e meu amor maternal será a sua força para esmagar os inimigos de Deus. O que eu peço aqui é o mesmo que pedi em Fátima. Abençoo esta comunidade de uma maneira muito especial. Tudo isso pode ser revelado agora. Eu vos repito que sou Maria, Medianeira de Todas as Graças. Essa é a minha última aparição neste lugar."

       Ao longo de todo o século XX, a vidente Teresita – bem como todo o Carmelo de Lipa – enfrentou um longo e doloroso caminho até que a Igreja incentivasse o culto a Nossa Senhora Medianeira e definitivamente reconhecesse a autenticidade da sua aparição em Lipa.
      Em setembro deste ano, 67 anos depois da amorosa visita da Virgem às Filipinas, uma nova página é escrita na história do país: no âmbito de suas competências como Ordinário local, o bispo Arguelles reconhece a natureza e os frutos sobrenaturais do evento de Lipa. Este pode ser, também, um passo significativo para a história da Igreja universal, um sinal a apressar a proclamação de mais um dogma mariano: a mediação universal da toda santa Mãe de Deus.
      Enquanto isso não acontece, não nos esqueçamos de cumprir os pedidos de Nossa Senhora; de "aceitar todo sofrimento com amor, gratidão e firme convicção de que essas tentações nos são dadas por Jesus para a nossa santificação". "Quando formos à Missa – recomenda Teresita, a vidente de Lipa –, paremos por alguns momentos para tomar consciência de Jesus que vem a nós pelo Sacramento da Santa Eucaristia. Assim, seremos capazes de negar-nos a nós mesmos e carregar a cruz com Ele – assim, estaremos preparados para nos consagrar ao Imaculado Coração de Maria. Essas são as mensagens dela para o mundo inteiro, para jovens e idosos, para ricos e pobres."



O servo de Deus, bispo Obviar, e as irmãs do Carmelo de Lipa, em 1948. Detalhe para a noviça Teresita, à esquerda do capelão.


São Daniel Comboni - Santo do dia 10 de Outubro

 São Daniel Comboni
Fundou os Padres Missionários Combonianos e as Irmãs Missionárias Combonianas (1831-1881)


       Daniel Comboni era italiano de Limone sul Garda, na Brescia, tendo nascido, em 15 de março de 1831, numa família cristã, unida, humilde e pobre de camponeses. Os pais, Luis e Domenica, dedicavam-lhe um amor incontido, pois era o único sobrevivente de oito filhos.
       Por causa da condição econômica, enviaram Daniel para estudar no Instituto dos padres mazzianos em Verona, quando, então, despertou sua vocação para o sacerdócio, especialmente para a missão da África Central, onde os mazzianos atuam. Em 1854, já formado em Filosofia e Teologia, Daniel é ordenado sacerdote. Três anos depois, recebe as bênçãos dos pais e parte para a África, junto com mais cinco missionários.
      Após quatro meses de viagem, padre Comboni chega a Cartum, capital do Sudão. A realidade africana é cruel e choca. As dificuldades começam no clima, passam pelas doenças, pobreza, abandono do povo e terminam com o índice elevado de mortes entre os jovens companheiros. Porém, tudo serve de estímulo para seguir adiante, sem abandonar a missão e o entusiasmo.
      Pela África e seu povo, padre Comboni regressa à Itália, numa tentativa de conseguir uma nova tática para evangelizar naquele continente. Em 1864, rezando junto ao túmulo de são Pedro, em Roma, surge a luz. Elabora seu plano para a regeneração da África, resumido apenas num tema: "Salvar a África com a África", um projeto missionário simples e ousado para a época.
      Padre Comboni passa, imediatamente, à ação, pede todo tipo de ajuda espiritual e material à sociedade europeia, vai aos reis, bispos, ricos senhores e recorre também ao povo pobre e simples. A missão da África Central precisa de todos engajados no mesmo objetivo cristão e humanitário. Dedica-se com tanto empenho e ânimo, que consegue fundar uma revista de incentivo missionário, a primeira na Itália.
     Além disso, fundou, em 1867, o Instituto dos Missionários, depois chamados de Padres Missionários Combonianos e, em 1872, o Instituto das Missionárias, mais tarde conhecidas como Irmãs Missionárias Combonianas.
      No Concílio Vaticano I, ele participa como teólogo do bispo de Verona, conseguindo que outros 70 bispos assinem uma petição em favor da evangelização da África Central. Em 1877, Comboni é nomeado vigário apostólico da África Central e, em seguida, é também consagrado o primeiro bispo católico da África Central, confirmação de que suas ideias, antes contestadas, são as mais eficientes para anunciar a Palavra de Cristo aos africanos.
      Depois de muito sofrimento no corpo e no espírito, no dia 10 de outubro de 1881, o bispo Comboni morre, em Cartum, em meio ao povo africano, rodeado pelos seus religiosos, com a certeza de que sua obra missionária não morreria.
      Chamado de "Pai dos Negros" pelo papa João Paulo II, ao beatificá-lo em 1996, o mesmo pontífice declarou santo Daniel Comboni em 2003. A sua comemoração litúrgica ocorre no aniversário de sua morte.




São Daniel Comboni, rogai por nós.



São Francisco Borja (ou Bórgia) - Santo do dia 10 de Outubro

São Francisco Borja (ou Bórgia) 
1510-1572
Grande devoto à Eucaristia e à Virgem Maria


      Príncipe da Espanha, Francisco nasceu na família dos Bórgia, em português Borja, no dia 28 de outubro de 1510, em Gáudia, Valença.
      Teve o mérito de redimir completamente a má fama precedente desta família desde a remota e obscura época medieval, notadamente em Roma. Ele era parente distante do papa Alexandre VI e sobrinho do rei católico Fernando II, de Aragão e Castela.
      Os Bórgias de então já eram muito piedosos e castos, o que lhe garantiu uma educação esmerada, dentro dos princípios cristãos, possibilitando o pleno exercício de sua vocação de vida dedicada somente a Deus.
      Mesmo vivendo numa Corte de luxo e de seduções mundanas, Francisco manteve-se sempre firme na busca de diversões sadias e no estudo compenetrado e sério.
      Na infância, foi pagem da Corte do rei Carlos V, depois seu amigo confidente. Como não gostava dos jogos, ao contrário da maioria dos jovens fidalgos da época, cresceu entre os livros. Mas abominava os fúteis. Preferia os de cultura clássica, principalmente os de assunto religioso. Esta mesma educação ele repassou, mais tarde, pessoalmente aos seus oito filhos.
      Tinha dezenove anos quando se casou com Eleonora de Castro e, aos vinte, recebeu o título de marquês. Apesar do acúmulo das atribuições políticas e administrativas, foi um pai dedicado e atencioso, levando sempre a família a frequentar os sacramentos e a unir-se nas orações diárias.
      O mesmo tino bondoso e correto utilizou para cuidar do seu povo, quando se tornou vice-rei da Catalunha. A história mostra que a administração deste príncipe espanhol foi justa, leal e cristã. Os seus súditos e serviçais o consideravam um verdadeiro pai e todos tinham acesso livre ao palácio.
      Entretanto, com as sucessivas mortes de seu pai e sua esposa, os quais ele muito amava, decidiu entregar-se, totalmente, ao serviço de Deus. Em 1548, abdicou de todos os títulos, passou a administração ao filho herdeiro, fez votos de pobreza, castidade e obediência e entrou, oficialmente, para a Companhia de Jesus, ordem recém-fundada pelo também santo Inácio de Loyola.
       Meses depois, o papa quis consagrá-lo cardeal, mas ele pediu para poder recusar. Porém logo foi eleito superior-geral da Companhia.
       Nesse cargo, imprimiu as suas principais características de santidade: a humildade, a mortificação e uma grande devoção à Eucaristia e à Virgem Maria.
       Ativo, fundou o primeiro colégio jesuíta em Roma, depois outro em sua terra natal, Gáudia, e mais vinte espalhados por toda a Espanha. Enviou, também, as primeiras missões para a América Latina espanhola. E foi um severo vigilante do carisma original dos jesuítas, impondo a todos a hora de meditação cotidiana.
       Morreu em 30 de setembro de 1572. Deixou como legado vários escritos sobre a espiritualidade, além do exemplo de sua santidade.
       Beatificado em 1624, são Francisco Bórgia foi elevado aos altares da Igreja em 1671. Foi assim, por meio dele, que o nome da família Bórgia se destacou com uma glória nunca antes presumida.



São Francisco de Borja, rogai por nós.


sexta-feira, 9 de outubro de 2015

O pedido esquecido de Nossa Senhora

O pedido esquecido de Nossa Senhora
Quase 100 anos após a aparição da Virgem em Fátima, a humanidade ainda teima em ignorar os seus apelos à conversão e à penitência.


     Quando Nossa Senhora apareceu aos três pastorinhos de Fátima, a 13 de maio de 1917, ela fez-lhes uma pergunta: "Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser mandar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores?" Na ocasião, os jovens Francisco, Jacinta e Lúcia responderam que sim, assumiram o pedido da Virgem Maria e toda a sua vida se transformou em uma verdadeira entrega a Deus, pelo resgate das almas.
    Impossível não se lembrar do episódio da Anunciação, quando o Céu, de um modo nunca antes visto, dependeu da liberdade de uma única criatura para descer sobre a Terra. Às palavras do anjo, dizendo que Maria Santíssima conceberia e daria à luz o próprio Filho de Deus, ela prontamente respondeu: "Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1, 38). Naquele momento, também ela, de modo muito singular, assumia para si a missão de "suportar todos os sofrimentos", "em ato de reparação (...) e de súplica pela conversão dos pecadores" – missão que o profeta do templo resumiria na famosa expressão: "Uma espada traspassará a tua alma" (Lc 2, 35).
    É essa a missão a que se referiu o Papa Bento XVI em 2010, quando peregrinou à cidade de Fátima. "Iludir-se-ia quem pensasse que a missão profética de Fátima esteja concluída" [1], disse ele na ocasião. De fato, ainda hoje, Nossa Senhora dirige a toda a humanidade o mesmo apelo que fez aos três pastorinhos na Cova da Iria. "Rezai, rezai muito, e fazei sacrifícios pelos pecadores", dizia ela. "Muitas almas vão para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas".
   Às portas do centenário das aparições da Virgem em Portugal, a hora é propícia para um profundo exame de consciência. O terceiro segredo de Fátima revelou a visão de um Anjo "apontando com a mão direita para a terra" e clamando, com voz forte: "Penitência, Penitência, Penitência!" Diante desse quadro, a pergunta a ser feita é: A humanidade realmente tem se penitenciado? O que tem sido feito para atender aos pedidos de Nossa Senhora?
    É preciso bater no peito e reconhecer o quão pouco foi feito pelo homem moderno para corresponder aos apelos da Mãe de Deus.
     Primeiro, por parte daquelas pessoas que, mesmo se assumindo "católicas", não só rejeitaram o conteúdo de Fátima – que, por ser uma revelação particular, não obriga ao assentimento nenhum fiel católico [2] –, mas abandonaram totalmente as próprias verdades da fé. Também em Fátima, Bento XVI chamou a atenção para o fato de que "muitos dos nossos irmãos vivem como se não houvesse um Além, sem se importar com a própria salvação eterna" [3]. Sem dúvidas, este é o grande mal deste século: que o homem viva como se Deus não existisse, totalmente alheio às realidades eternas e aos cuidados da sua alma.
     Para que acontecesse uma efetiva mudança no mundo e os corações fossem elevados ao Alto, porém, Nossa Senhora indicou o caminho da penitência. Entra aqui a necessidade do exame por parte daqueles que crêem, mas ainda se encontram "estacionados" na vida espiritual. De fato, é muito comum ver pessoas instigadas pelas aparições da Virgem em Fátima, Lourdes, La Salette... Mas, quantas dessas pessoas despendem os mesmos esforços e as mesmas horas para cumprir os desejos de Deus, expressos pela boca de Maria Santíssima?
     De fato, ela disse: "Rezem o Terço todos os dias". Mas, quantas são as famílias que se têm dedicado à oração do Santo Terço? E quantas o têm rezado diariamente, como pediu Nossa Senhora?
     Ela também disse: "Sacrificai-vos pelos pecadores". Ora, quantos têm verdadeiramente jejuado e feito penitências pela conversão do mundo? Quantos têm se levantado de madrugada ou feito vigílias em família para rezar pelas almas que mais precisam?
    Ela disse: "Não ofendam mais a Deus, Nosso Senhor, que já está muito ofendido". E qual tem sido a conduta das pessoas? Será que têm se preocupado em adquirir verdadeira santidade de vida? Como está vivendo a juventude católica, que se reúne nos grupos de oração, vai às Missas e estuda a sua fé? Como têm vivido aqueles que, por sua vida, deveriam brilhar como "a luz do mundo" (Mt5, 14) e espalhar por todos os cantos "o bom odor de Cristo" (2 Cor 2, 15)?
    Neste dia em que a Igreja celebra a memória de Nossa Senhora de Fátima, é urgente lembrar que, no fim das contas, de nada adiantam alardes, previsões e surtos de curiosidade malsã sobre o futuro. "Se não vos converterdes, diz o Senhor, perecereis todos do mesmo modo" (Lc 13, 3). O que Jesus e Maria querem dos homens é que sejam santos, rezem e se mortifiquem – este é o único necessário de que fala Nosso Senhor, todo o mais nos será tirado (cf. Lc 10, 42).
     Conversão, penitência e oração: eis, pois, o centro do Evangelho e o núcleo da mensagem de Fátima – e também o de todas as outras recentes aparições da Virgem Maria. Ainda hoje, não existe outra escada por onde subir ao Céu – nem outro caminho para chegar à paz.





Por Equipe Christo Nihil Praeponere