sexta-feira, 9 de outubro de 2015

O pedido esquecido de Nossa Senhora

O pedido esquecido de Nossa Senhora
Quase 100 anos após a aparição da Virgem em Fátima, a humanidade ainda teima em ignorar os seus apelos à conversão e à penitência.


     Quando Nossa Senhora apareceu aos três pastorinhos de Fátima, a 13 de maio de 1917, ela fez-lhes uma pergunta: "Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser mandar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores?" Na ocasião, os jovens Francisco, Jacinta e Lúcia responderam que sim, assumiram o pedido da Virgem Maria e toda a sua vida se transformou em uma verdadeira entrega a Deus, pelo resgate das almas.
    Impossível não se lembrar do episódio da Anunciação, quando o Céu, de um modo nunca antes visto, dependeu da liberdade de uma única criatura para descer sobre a Terra. Às palavras do anjo, dizendo que Maria Santíssima conceberia e daria à luz o próprio Filho de Deus, ela prontamente respondeu: "Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1, 38). Naquele momento, também ela, de modo muito singular, assumia para si a missão de "suportar todos os sofrimentos", "em ato de reparação (...) e de súplica pela conversão dos pecadores" – missão que o profeta do templo resumiria na famosa expressão: "Uma espada traspassará a tua alma" (Lc 2, 35).
    É essa a missão a que se referiu o Papa Bento XVI em 2010, quando peregrinou à cidade de Fátima. "Iludir-se-ia quem pensasse que a missão profética de Fátima esteja concluída" [1], disse ele na ocasião. De fato, ainda hoje, Nossa Senhora dirige a toda a humanidade o mesmo apelo que fez aos três pastorinhos na Cova da Iria. "Rezai, rezai muito, e fazei sacrifícios pelos pecadores", dizia ela. "Muitas almas vão para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas".
   Às portas do centenário das aparições da Virgem em Portugal, a hora é propícia para um profundo exame de consciência. O terceiro segredo de Fátima revelou a visão de um Anjo "apontando com a mão direita para a terra" e clamando, com voz forte: "Penitência, Penitência, Penitência!" Diante desse quadro, a pergunta a ser feita é: A humanidade realmente tem se penitenciado? O que tem sido feito para atender aos pedidos de Nossa Senhora?
    É preciso bater no peito e reconhecer o quão pouco foi feito pelo homem moderno para corresponder aos apelos da Mãe de Deus.
     Primeiro, por parte daquelas pessoas que, mesmo se assumindo "católicas", não só rejeitaram o conteúdo de Fátima – que, por ser uma revelação particular, não obriga ao assentimento nenhum fiel católico [2] –, mas abandonaram totalmente as próprias verdades da fé. Também em Fátima, Bento XVI chamou a atenção para o fato de que "muitos dos nossos irmãos vivem como se não houvesse um Além, sem se importar com a própria salvação eterna" [3]. Sem dúvidas, este é o grande mal deste século: que o homem viva como se Deus não existisse, totalmente alheio às realidades eternas e aos cuidados da sua alma.
     Para que acontecesse uma efetiva mudança no mundo e os corações fossem elevados ao Alto, porém, Nossa Senhora indicou o caminho da penitência. Entra aqui a necessidade do exame por parte daqueles que crêem, mas ainda se encontram "estacionados" na vida espiritual. De fato, é muito comum ver pessoas instigadas pelas aparições da Virgem em Fátima, Lourdes, La Salette... Mas, quantas dessas pessoas despendem os mesmos esforços e as mesmas horas para cumprir os desejos de Deus, expressos pela boca de Maria Santíssima?
     De fato, ela disse: "Rezem o Terço todos os dias". Mas, quantas são as famílias que se têm dedicado à oração do Santo Terço? E quantas o têm rezado diariamente, como pediu Nossa Senhora?
     Ela também disse: "Sacrificai-vos pelos pecadores". Ora, quantos têm verdadeiramente jejuado e feito penitências pela conversão do mundo? Quantos têm se levantado de madrugada ou feito vigílias em família para rezar pelas almas que mais precisam?
    Ela disse: "Não ofendam mais a Deus, Nosso Senhor, que já está muito ofendido". E qual tem sido a conduta das pessoas? Será que têm se preocupado em adquirir verdadeira santidade de vida? Como está vivendo a juventude católica, que se reúne nos grupos de oração, vai às Missas e estuda a sua fé? Como têm vivido aqueles que, por sua vida, deveriam brilhar como "a luz do mundo" (Mt5, 14) e espalhar por todos os cantos "o bom odor de Cristo" (2 Cor 2, 15)?
    Neste dia em que a Igreja celebra a memória de Nossa Senhora de Fátima, é urgente lembrar que, no fim das contas, de nada adiantam alardes, previsões e surtos de curiosidade malsã sobre o futuro. "Se não vos converterdes, diz o Senhor, perecereis todos do mesmo modo" (Lc 13, 3). O que Jesus e Maria querem dos homens é que sejam santos, rezem e se mortifiquem – este é o único necessário de que fala Nosso Senhor, todo o mais nos será tirado (cf. Lc 10, 42).
     Conversão, penitência e oração: eis, pois, o centro do Evangelho e o núcleo da mensagem de Fátima – e também o de todas as outras recentes aparições da Virgem Maria. Ainda hoje, não existe outra escada por onde subir ao Céu – nem outro caminho para chegar à paz.





Por Equipe Christo Nihil Praeponere

São Dionísio, ou Dênis - Santo do dia 09 de outubro

São Dionísio, ou Dênis
Bispo e mártir (século III)


       O santo Dionísio, popularmente conhecido como o são Dênis de Paris, que é comemorado neste dia, foi, durante muito tempo, venerado como único padroeiro de França, até surgir santa Joana d'Arc para dividir com ele a grande devoção cristã do povo daquele país.

        De origem italiana, ele era um jovem missionário enviado pelo papa Fabiano para evangelizar a antiga Gália do norte no ano 250, portanto no século III. Formou, então, a primeira comunidade católica em Lutécia, atual Paris, sendo eleito o seu primeiro bispo. Alguns anos depois, teria sofrido o martírio, sendo decapitado no local hoje conhecido como Montmartre, isto é, "Colina do Mártir". Ao lado do bispo Dênis, o sacerdote Rústico e o diácono Eleutério, seus companheiros, também testemunharam sua fé cristã.
       Sobre o seu túmulo em Montmartre, mais tarde, foi edificada uma basílica, junto à qual, no ano 630, o rei Dagoberto fundou uma abadia. Até esses monges acabaram sofrendo com o efeito de uma enorme confusão que se fez entre este mártir e outros dois Dionísios: o Areopagita, discípulo de são Paulo, e o célebre escritor de Alexandria. Mas esses religiosos foram citados indevidamente.
       A estranha e rebuscada confusão que se fez em torno da figura do santo bispo Dênis envolvia nitidamente essas três figuras distintas, que viveram em épocas diferentes, mas que foram unidas num único personagem, o santo celebrado hoje. Contava-se que o mártir original, ou seja, o bispo Dênis de Paris, foi enviado à Gália francesa pelo papa são Clemente I no fim do século I. Por isso ele começou a ser identificado com a figura de Dionísio Areopagita, discípulo do apóstolo Paulo, comemorado no dia 3 de outubro. Por isso, também, passou a ser confundido com um homônimo da Alexandria, autor de uma famosa coletânea de escritos místicos, que desde o século V vinha sendo erroneamente atribuída ao discípulo Areopagita.
       Não bastasse toda essa confusão, são Dionísio, ou Dênis, segue sendo aclamado pela mais antiga tradição cristã francesa, que o venera como um mártir cefalóforo, ou seja, carregador de cabeça. E assim ele chegou aos nossos dias sendo o bispo mártir que havia carregado a própria cabeça decepada até o local onde deveria ser enterrado. No caso, a Abadia de Saint-Denis, em Paris, local onde, tradicionalmente, todos os reis da França foram enterrados.



São Dionísio, rogai por nós.



São João Leonardo - Santo do dia 09 de Outubro

São João Leonardo
Fundador do Instituto dos Clérigos Regulares da Mãe de Deus e da Congregação de Propaganda Fide (1550-1609)


       O fundador do Instituto dos Clérigos Regulares da Mãe de Deus e da Congregação de Propaganda Fide foi inexplicavelmente recusado pela ordem franciscana. Ou melhor, foi uma providencial recusa, pois que este luquês, filho de Tiago e Joana Lippi — aprendiz de farmácia e estudante por conta própria, refugiado em Roma durante alguns anos, depois da ordenação sacerdotal —, teve ocasião de travar amizade com dois grandes santos, Filipe Néri e José Calasanz, e de fazer-se apreciar pelo Papa, que lhe confiou delicadas missões. No desempenho destas, suas qualidades de homem prudente e caridoso eram as mais indicadas para que ele servisse de mediador e restabelecesse a disciplina em antigos conventos onde se infiltrara o espírito alegre e gozador da vida do Renascimento.
       Na juventude, João Leonardo, embora longe de casa e dos olhos vigilantes dos pais, estudante de medicina em Lucca, não se perdeu atrás de alegres companhias estudantis, mas, sob a guia do frade dominicano Bernardini, recolheu em torno de si alguns companheiros. Com estes, dedicou-se ao voluntariado para a assistência aos idosos abandonados e aos peregrinos.
       Ordenado sacerdote, foi-lhe confiada a igreja de São João della Magione, onde pôs em prática um de seus audaciosos projetos, instituindo uma escola para o ensino da religião — primeiro núcleo da Congregação dos Clérigos Regulares, com sede junto à igreja de Santa Maria da Rosa.
       O instituto foi aprovado em 1593, embora, como ficou dito, ele tivesse sido levado a afastar-se de Lucca por causa das manifestações de incompreensão (não raras na vida dos santos).
       Em Roma, impelido pelo espírito missionário, excogitou e programou, com o espanhol Vives, uma congregação de sacerdotes que desenvolvessem seu apostolado entre os infiéis. Nascia, assim, a Congregação De Propaganda Fide, de Roma, destinada a influir profundamente na história missionária da Igreja universal.
     João morreu em Roma a 8 de outubro; beatificado em 1861, foi inscrito no elenco dos santos em 17 de abril de 1938.



 São João Leonardo, rogai por nós.


*Retirado do livro: 'Os Santos e os Beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente', Paulinas Editora.